Memórias
Todos somos constituídos por lembranças do nosso passado, como por exemplo, momentos em família, professores marcantes no nosso percurso escolar, entre outros. Esses episódios fazem com que formemos a nossa identidade.
Lembro-me de quando era muito pequena e de sentir o toque e o cheiro da minha avó. Lembro-me de crescer ao lado dela, de a ver sorrir, cantar e claro como qualquer avó me dar tudo o que eu pedia. Quando fecho os olhos, por vezes, parece que ainda vejo o seu sorriso. Ali está ela a rir-se para mim. Sempre vivi grandes aventuras com ela. Quando já tinha 5 anos e ela tinha um café, ainda me recordo de tudo e, quando vou ao estabelecimento que agora está mudado, fecho os olhos e relembro tudo o que ali vivi. O meu pai e os meus tios todos lá, a fazer grandes festas, a minha avó de volta da cozinha - se alguém sabia cozinhar era ela - os primos todos a brincar no campo ao lado e claro as nossas mães sempre a reclamar. As chávenas, a máquina de café, as batatas fritas da Matutano - que a minha avó nos dava sempre - o sofá na cozinha para podermos dormir de tarde, tudo isso vem outra vez, naquele bocadinho em que fecho os olhos. Lembro-me também que na casa dela, naquele espaço onde todos os aniversários foram e são festejados, assim como todos o(s) ano(s) novo(s), e toda aquela família que quase não se acomoda na sala devido ao número, e ela lá na ponta a dizer para nos portamos bem e sempre a dar-nos esperança para o nosso futuro, a cada aniversário. No último dia que estive com ela - uma memória que efetivamente vai ficar para sempre - lembro-me perfeitamente de cada detalhe: o seu pucho no cabelo, a saia preta que tanto gostava e aquela cara que com um sorriso me disse, quando já me ia embora, para nunca me esquecer dela mesmo quando ela cá não estivesse e para perseguir os meus sonhos, pois tudo o que sonhamos, com trabalho, alcançamos. Agora relembro a minha avó como uma lutadora, que apesar de o marido ter ido para a Alemanha conseguiu cuidar de um café e de sete filhos sempre, muito sorridente apesar de todas as adversidades.
Desde muito cedo me foi incutido, por ela, os valores da família e o do respeito, daí olhar para a sociedade com o respeito que merece.
Beatriz Vilas Boas, 12º B