Diários de Escrita por, Manuel António Dias Fernandes nº 15, 11ºC
O problema do mal
O argumento teleológico defende a existência de um Deus teísta, ou seja, um Deus omnipotente (capaz de fazer tudo), omnisciente (conhecedor do mal e capaz de terminar com ele) e sumamente bom (possui o desejo de acabar com o mal). Apesar disto, podemos constatar que o mal existe realmente no mundo. Como seria possível um Deus “absolutamente perfeito” permitir a existência de mal no mundo, mesmo tendo tudo ao seu alcance para acabar com o mesmo?
Para tentar solucionar este problema, Leibniz elaborou uma teodiceia (investigação para tentar provar que o mal e a bondade e a santidade de Deus podem coexistir). Nesta teodiceia, Leibniz afirma que o mal faz parte dos desígnios de Deus, pois dentro de todos os universos possíveis, Deus criou o mais perfeito de todos. Para justificar a existência do mal, Leibniz viu-se obrigado a dividi-lo em 3 partes: o mal moral, que inclui assassínios, guerras, mentiras, etc.; o mal físico, que engloba tudo o que seja dor, doenças, catástrofes e o mal metafísico, que contém a imperfeição de todas as coisas criadas. Para o mal moral, Leibniz indica como principal justificação para a sua existência o livre-arbítrio. Aquando da “criação”, Deus deu ao homem livre-arbítrio ao qual ele era alheio. Deus não é, para este filósofo, responsável pelo
mal. Relativamente ao mal metafísico, Leibniz justifica-o com a imperfeição das coisas em função de serem criadas. O universo só em função de existir, já contém imperfeições, sendo uma destas o mal. Deus age de forma perfeita não só no sentido metafísico, o que indica que, mesmo com imperfeições, este é o melhor dos universos. Por fim, para responder ao mal físico, Leibniz considera que a existência destes males não é gratuita, mas sim necessária.
Eu compartilho um pouco da opinião de Leibniz apesar de acrescentar alguns pontos ao seu argumento.
Em relação ao mal moral, a sua existência é facilmente justificada através da existência do livre-arbítrio pois consigo pensar que a existência do mal ultrapassa a inexistência da liberdade pessoal, ou seja, é preferível ser livre e existir mal, do que não ser livre e só existir bem. O mal moral só existe por erro do homem. Já o mal natural, na minha opinião é permitido por dois motivos. Um, porque tudo o que nós pensamos, por mais que seja perfeito na nossa
mente, passa a imperfeito quando criado. Por exemplo, por mais perfeito que seja um pensamento, a sua recriação na realidade terá imperfeições. O outro motivo para a coexistência do mal e de Deus é a necessidade da existência do mal para que o Homem saiba o que é bem. Só poderíamos saber que uma ação é boa ou correta se soubermos o que é uma ação má. Só podemos saber que é bom estar em paz se tivermos experienciado, alguma vez, a guerra. Só sabemos que vivemos bem se existir alguém que viva em situação precária. Na
minha opinião, o mal natural existe para que a humanidade saiba o que é bem e para que tente fazer boas ações ou até heroicas e para que se compreenda que alguns males são necessários para que a humanidade progrida.