Diários de Escrita por, Beatriz Silva, 11º C
O Problema do Mal
Desde os primórdios da existência da vida humana, somos assombrados com o
problema do mal no Mundo. Na verdade, ao longo dos tempos, o Homem tentou justificar a existência do mal no Mundo procurando na religião uma resposta à perplexidade que este assunto acarreta.
Este problema relaciona-se com a tensão entre a existência do mal e a existência de
Deus, ou seja, como pode existir um Deus Bom, que tudo pode e sabe e o Mal que tanto mal nos faz?
O facto de Deus, segundo a conceção teísta, ser omnisciente (ter consciência do mal e
saber como impedi-lo), omnipotente (ter poder para o impedir) e sumamente bom (querer impedi-lo), condicionaria a existência do mal. No entanto, tal não acontece, o que indicaria a inexistência de Deus.
Leibniz, filósofo do século XVII, a partir da sua teodiceia, vai justificar a bondade e a santidade de Deus, mas também a coexistência do mal. Leibniz concebe um mundo rigorosamente racional e como o melhor dos mundos possíveis. Então, como explicar a presença do mal? O mal manifesta-se de três modos: metafísico, físico e moral.
O Mal Metafísico é a imperfeição inerente à própria essência da criatura. Só Deus é perfeito. Falta alguma coisa ao homem para a perfeição, e o mal é a ausência do bem, na conceção neoplatónica e agostiniana. O mundo, como finito, é imperfeito para distinguir-se de Deus. O mal metafísico, sendo a imperfeição, é inevitável na criatura.
Ao produzir o mundo tal como ele é, Deus escolheu o menor dos males, de tal forma que o mundo comporta o máximo de bem e o mínimo de mal. Um mal é, para Leibniz, a raiz do outro. O mal metafísico é a raiz do Mal Moral. É por ser imperfeito que o homem se deixa envolver pelo confuso. O Mal Físico é entendido por Leibniz como consequência do mal moral, seja porque está vinculado à limitação original, seja porque é punição do pecado (moral). Deus não olhou apenas a felicidade das criaturas inteligentes mas a perfeição do conjunto.
Leibniz argumenta que Deus, como ser perfeito, criou o melhor dos mundos possíveis mas, este apresenta algumas imperfeições e, é por isso, que existem males. Eu concordo, em parte, com a perspetiva de Leibniz, na medida em que, acredito no facto de termos livre-arbítrio e que todos os males que possam daí surgir são completa responsabilidade do Homem e não de Deus. Seguindo esse raciocínio, acredito também na perspetiva deísta de que Deus criou o mundo (o melhor mundo possível) e as suas leis, mas abandonou-o à sua sorte, ou seja, tudo o que acontece no mundo não é inteiramente culpa de Deus. Além disso, considero que, o facto de Deus nos ter dado o melhor dos mundos possíveis e nós estarmos a danificá-lo com a poluição, as guerras, etc., faz com que todos os males possam ser um castigo/punição para o Homem.
Concluo que o facto de Deus existir não se relaciona com a existência dos males no mundo, pois se alguém nasce com uma doença, essa seria fruto do acaso, já que, pode ser consequência da hereditariedade, ou de outro facto, e não de Deus. Logo, todos os outros males que resultam da escolha do Homem devem-se ao facto de, já na Natureza, deste existir algo de mal e que este mal serve para exaltar o bem e proporcionar a existência de coisas maiores e melhores.