Chá de Livros
Entre professores e alunos, foi dita poesia, desta vez da autoria dos Professores Jorge Salgueiro (Escola Sec/3 de Barcelinhos) e Francisco Limpo Queiroz (Escola Sec. Diogo de Gouveia de Beja).
Ao longo de dois anos, às quartas-feiras, a biblioteca foi um lugar onde a poesia foi a anfitriã. Este desafio foi lançado, pela equipa da BE, a toda a comunidade educativa, apelando à criação de poemas originais sobre as temáticas "chá, livros, leitura, aromas, poesia". Foram muitos os que aceitaram este repto. Professores, Alunos, Encarregados de Educação e Funcionários contribuíram com os seus textos.
A qualidade dos trabalhos justificava a sua divulgação. Surgiu, então, a ideia de ilustrar os poemas. Foi proposto à Escola Secundária Alcaides de Faria a colaboração da turma de Artes da ESAF que, sob a orientação do Prof. Durão, concretizou o projecto de ilustração. Brevemente, na Feira do Livro de Barcelos, a biblioteca irá lançar a compilação de todos os trabalhos numa publicação intitulada Antologia Poética do Chá.
CHÁ DE LIVROS
Chá de livros, numa escola de Barcelos.
Cidreira de Lídia Jorge, hipericão
de Lobo Antunes. Ler pelos cotovelos,
o chá de letras que os livros são.
Herberto Hélder, «Os Passos em Volta»
Saramago, «Memorial do Convento»,
«Guerra e Paz» de Tolstói e a revolta
da escrita contra a voz no vento.
Chá de livros não é o audiovisual,
é a retenção fundamental
da essência da palavra: o pensamento.
Bebe-se devagar, frase por frase,
e com o olhar, até chegar à fase
da plena captação do argumento.
Francisco Limpo Queiroz (Professor de Filosofia da Escola Secundária Diogo de Gouveia – Beja)
Cinco mil anos
Imperador Sheng Nong
Lenda, mito, ficção
Monges budistas dos Himalaias
Educando a criança Camellia Sinensis
Lapidam os multi e cosmopolitas aromas
Como um diamante puro e bruto
As naus portuguesas do Século XV
Interpeladas pelo Adamastor
Logram a amálgama de sabores infinitos e indecifráveis
Ervinha, planta, arbusto, copa colossal
Infusão de mesclas de vontades legadas
Étimo redondo, roliço, esticado, aplanado…
Com chapéu de coco, hortelã e alecrim
Em terras asiáticas e índias
“Five o’clock”
Amadrinhado pela princesa lusa
Catarina de Bragança
Emoldurando-o com taças de jasmim
Em cortes reais britânicas de gestos seculares
Este elixir sinestésico de emoções e sensações
Trago doce, agreste, sublime a laranja e a tabaco
Chávena de palavras, rimas, odes, poesias
Chávena de páginas, ensaios, livros, viagens, fantasias
Sorvidas ao longo da garganta
Ao ritmo erótico do chá-chá-chá e do “ménage à trois”
A olfactar a camomila romã
Da Roma dos Imperadores
De bacanais e festins de prazer…
Jorge Salgueiro (Prof. da Escola Sec/3 de Barcelinhos)