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Dia Mundial da AlimentaçãoO Dia Mundial da Alimentação celebra-se anualmente 16 de outubro, data em que se assinala a fundação da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), organismo responsável a nível mundial pelas questões da alimentação.
A Biblioteca promoveu uma sessão proferida por dois Nutricionista, Dr.ª Filipa Carvalho que nos ensinou a “Comer bem é saber comer" e o Doutor Domingos Silva que esclareceu a plateia sobre as vantagens e desvantagens das "Dietas vegetarianas/vegetarianismo."
A abordagem destes temas proporcionaram alcançar os objetivos propostos na celebração da efeméride:
A abordagem destes temas proporcionaram alcançar os objetivos propostos na celebração da efeméride:
Alertar para a segurança alimentar;
Aumentar a consciência do público;
Mobilizar a comunidade escolar para a angariação de fundos na luta mundial contra a fome.
A Palestra contou, ainda, com a participação de alunos que declamaram poemas relacionados com o tema.
Poemas selecionados:
Tabacaria (Excerto)
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdadeque devo
À Tabacaria do outro lado da rua,como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho,como coisa real por dentro.
Que sei eu do que serei,eu que não sei o que sou? Ser o que penso?
Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!)
Álvaro de Campos
Poesia com manteiga
Prometeu-me ambrosias,
Literata, a cozinheira, pelo gosto da estreia,
cheguei presta e faceira.
Só vi versos com geleia e poesia com manteiga,
certas rimas lambuzadas, emborcadas sobre a teiga.
Pus-me tonta e enjoada da poesia e da manteiga.
No almoço, em contraponto, terei letras de grandeza.
Um gostoso miniconto será minha sobremesa.
orço pra que Literata desta vez não erre a mão
ou provarei pela errata o sabor da indigestão.
Maria da Graça Almeida
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus,
era um homem.
Manuel Bandeira
Tabacaria (Excerto)
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdadeque devo
À Tabacaria do outro lado da rua,como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho,como coisa real por dentro.
Que sei eu do que serei,eu que não sei o que sou? Ser o que penso?
Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!)
Álvaro de Campos
Poesia com manteiga
Prometeu-me ambrosias,
Literata, a cozinheira, pelo gosto da estreia,
cheguei presta e faceira.
Só vi versos com geleia e poesia com manteiga,
certas rimas lambuzadas, emborcadas sobre a teiga.
Pus-me tonta e enjoada da poesia e da manteiga.
No almoço, em contraponto, terei letras de grandeza.
Um gostoso miniconto será minha sobremesa.
orço pra que Literata desta vez não erre a mão
ou provarei pela errata o sabor da indigestão.
Maria da Graça Almeida
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus,
era um homem.
Manuel Bandeira