Diários de Escrita
“Dura Praxis, Sed Praxis” 1
Entre os rituais em latim e a supressão da individualidade estará, certamente, uma explicação sociológica bem mais complexa que a banalidade proferida entre jornais e redes sociais acerca da praxe. As opiniões, essas reduzem-se a duas posições antagónicas: ou a profunda devoção ou a profunda rejeição, no entanto, entre elas encontra-se um oceano de debate e ponderação que parece ser ignorado.
Mas, afinal, o que é a praxe? Através de uma rápida pesquisa na internet, encontramos inúmeras definições para este termo, entre elas: ‘’ conjunto de práticas institucionais dotadas de especificidade e que têm o propósito de preservar uma tradição tida como original, assumindo, por isso, formas que as aproximam do ritual.’’ (socióloga Maria Eduarda Cruzeiro- in A Praxe Como Fenómeno Social). Numa nota mais pessoal, a praxe é, no fundo, nada mais do que uma manifestação de uma cultura. A cultura do coletivismo hierárquico, que consiste na já mencionada supressão do indivíduo e da sua vontade em prol da união e do espírito de convivência e igualdade.
Por um lado, as vantagens desta prática são inúmeras, de entre elas o facto de integrar melhor os alunos que, possivelmente, se encontram longe da família, através de jogos que implicam a interação com outros alunos da academia e promovem o espírito de interajuda e companheirismo, permitindo, ainda, o conhecimento os novos colegas, de uma forma mais célere. Um outro ponto positivo é o facto de a praxe não ser uma atividade ou prática obrigatória, ou seja, cada estudante pode escolher, como cidadão livre que é, se irá ou não participar nela, dando assim o total poder de escolha ao aluno e promovendo o seu espírito de análise.
Por outro lado, há os devotos da ideia de que a praxe não tem qualquer fim lógico ou plausível e serve apenas para deleite dos alunos mais velhos, a fim de se sentirem mais poderosos ou superiores aos novos alunos. Referem, ainda, que não é uma prática segura e que põe até em risco, por vezes, a vida dos jovens universitários, ideia essa causada pelas notícias extremamente exageradas e seletivas da imprensa portuguesa.
Pessoalmente, acredito que a praxe, dentro de certos limites, promove a integração e relação entre colegas, o espírito académico, o amor ao curso e até a adaptação a uma, possível, nova cidade. A verdade é que não devemos negar nada à partida sem o experimentar, e, de facto, são muitas mais as histórias positivas vivenciadas nas praxes, que marcam para a vida quem as experienciou, do que o contrário.
Para concluir, deixo uma citação de Jim Rohn: “Seja um estudante, não um seguidor. Não vá simplesmente fazer o que alguém diz. Tenha interesse pelo que alguém diz, então debata, pondere e considere de todos os ângulos”, ou seja, mesmo que nos contem factos negativos acerca de algo, devemos sempre questionar e experimentar (o experimentável) para termos a verdadeira noção do que se trata, e, quando experimentamos devemos ter consciência dos nossos limites e do limite do que consideramos razoável, plausível e nos deixa confortáveis, e a praxe é um excelente exemplo disso.
Luís Miguel Ferreira, 12º A
1. A praxe é dura , mas é praxe.