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Beaf - Biblioteca Escolar António Ferraz

"Ler engrandece a alma!" [Voltaire]

Beaf - Biblioteca Escolar António Ferraz

"Ler engrandece a alma!" [Voltaire]

Diários de Escrita, por Sofia Araújo, 12º F

Foi há cerca de seis meses e parece que ainda foi ontem. Lembro-me de cada detalhe, de cada segundo e de cada momento. Lembro-me do que senti e do que ficou por sentir. No decorrer da minha infância, até aos meus 10 anos, vivi bastante feliz. Cresci num ambiente familiar harmonioso, nunca vi os meus pais a discutir. Bem, era o ideal de família. A minha mãe era doce, atenta, trabalhadora, esboçava um sorriso encantador. Quanto ao meu pai, sempre foi também doce e muito brincalhão. Segundo consta, o meu pai ficava muitas vezes encarregue de me adormecer, enquanto a minha mãe tratava das lidas domésticas, mas quem acabava por adormecer era ele. Na verdade, tinha tudo para ser feliz junto da minha família. No dia 14 de Junho de 2006, um dia aparentemente normal, eu e a minha família fomos a um passeio dentro do contexto escolar. O passeio correu bastante bem, e eu estava muito feliz e entusiasmada. Ao fim do dia, quando voltamos para casa, a minha mãe queixou-se de sentir uma dor forte do lado direito da barriga. Na minha pequenez e inocência, a mamã estava apenas com uma dor de barriga que passaria rapidamente. Tudo, menos imaginar que aquele dia mudaria a minha vida para sempre. Passaram-se dias, e essa dor teimava em atormentá-la, até que se decidiu que o melhor seria mesmo ir ao hospital. Toda a gente sabe como funcionam os hospitais e aquele dia não foi uma exceção, aguardámos horas e horas para a minha mãe ser atendida. Disseram que a minha mãe tinha pedra no rim, teria de beber muita água e ter alguns cuidados, mas, segundo o médico, poderia ter uma vida normal e, como estava sob o efeito de analgésicos, não tinha dores. O batismo do meu primo aproximava-se e recordo-me de estar com ela, toda contente, a experimentar os vestidos do guarda-roupa. A minha mãe tinha emagrecido subitamente e alguns vestidos de que ela tanto gostava tinham voltado a servir-lhe. No entanto, as dores tinham voltado e desta vez eram ainda mais fortes. Alguma coisa não estava bem. O meu pai andava muito preocupado com ela e fazia de tudo para ela estar bem. Entretanto, a minha mãe foi internada no hospital para que pudesse receber assistência e se conseguisse perceber o que realmente se passava. Foram feitos vários exames, o pânico instalou-se: a minha mãe estava deveras doente, tinha cancro no estômago. Eu chorei, o meu pai chorou, toda a família chorou. A minha mãe que nunca teve vícios, era aparentemente a pessoa mais saudável da família, católica, foi catequista durante anos, como poderia Deus agradecer-lhe desta forma? Como poderia a vida ser tão dura para quem nunca o foi? Foi como se o mundo estivesse a desmoronar à minha volta e eu não podia fazer nada. Os médicos reuniram-se para deliberarem acerca do sucedido e para decidirem o que se iria fazer. Pior do que saber que a minha mãe estava doente foi a decisão tomada pela parte dos médicos. A minha mãe não iria fazer qualquer tratamento, não iria fazer quimioterapia pelo facto de o temor se ter espalhado por todo o corpo, segundo a medicina não valeria a pena e só lhe causaria mais sofrimento. A minha mãe sempre foi uma figura querida entre as pessoas. Toda a gente a admirava e gostava de falar com ela pelo que tudo isto foi um choque para todos. Ela voltou para casa, os médicos aconselharam a que ela passasse o maior tempo possível com a família. Além disso, o meu aniversário aproximava-se, pelo que seria bom que ela estivesse presente nesse dia. Todos os dias rezávamos bastante à espera de um milagre, só um milagre poderia salvá-la. Decidimos procurar um herbanário que era bastante conhecido, diziam que ele já tinha salvado pessoas com doenças crónicas, e no fundo essa era a única esperança que nos restava. Lutadora como era a minha mãe, tomou todos os chás indicados, chá de terra, de batata, entre outros. Enfim, eram horríveis mas a força dela falou sempre mais alto. A minha mãe estava ali tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante. Só queria que tudo voltasse a ser como era. O meu pai estava incansável com ela, estava a tentar mostrar-se forte, mas eu sei que ele estava a morrer por dentro também. A minha mãe escondia as dores que tinha para não o preocupar. Recebíamos imensas visitas lá em casa, toda a gente a queria ver e ajudar com alguma coisa, quer fosse comida ou até mesmo dinheiro. O dia do meu aniversário (24 de Agosto de 2006) tinha chegado e logo de manhã bem cedo a minha mãe acordou-me com beijos e pronunciou: «parabéns, meu amor». A minha mãe pediu ao meu pai para me comprar um bolo, ela queria cantar-me os parabéns como sempre fez nos anos anteriores. Cantou e bateu palmas quase sem forças. Este foi talvez dos momentos que mais me marcou. No dia seguinte, ela foi internada no hospital. Antes de sair, penteei-lhe o cabelo com todo o carinho e essa foi a última vez que a vi. A minha mãe faleceu no dia seguinte (26 de Agosto) no hospital. A pessoa que me trouxe para a vida, a minha mãe, tinha acabado de falecer. Nem queria acreditar como uma simples dor de barriga se podia transformar naquilo. Metade de mim morreu também naquele instante. Quando chegou o dia do funeral, tive a completa noção de que a minha mãe iria embora e não voltaria mais. O recinto estava cheio como já calculava, a minha mãe tinha imensos amigos. Não consegui entrar, não tive coragem para a ver, preferi ficar com imagens de quando ela sorria para mim. Neste dia não consegui dormir em casa, dormi em casa dos meus avós, não conseguia entrar dentro da minha casa. Aliás, durante imenso tempo foi difícil para mim fazê-lo e não entrava sozinha dentro do quarto do meu pai. Com o decorrer dos anos tive que aprender a lidar com a situação. Não tinha a minha mãe para poder contar as minhas coisas, aquelas coisas que só se contam às mães. Não tive a minha mãe para me ver crescer, para me ver tornar numa mulher. Em datas especiais, como o dia da Mãe, era muito complicado para mim. As minhas amigas relatavam o que tinham oferecido ou o que iam oferecer e sentia-me revoltada por ter que deixar-lhe o meu presente no cemitério e não poder entregar-lhe como as minhas amigas entregavam. Apesar de tudo, tive um pai que me deu tudo para ser feliz. Tivemos de ser fortes um para o outro para que juntos conseguíssemos cumprir os pedidos da minha mãe. O único pedido que a minha mãe fez ao meu pai foi para que ele tomasse conta de mim e que me desse o melhor. O meu maior medo é não conseguir lembrar-me do rosto dela. E o meu maior desejo é sem dúvida ser como ela. A minha mãe foi um exemplo, uma lição de vida. Lutou até ao fim sem nunca baixar a cabeça. E eu acredito que um dia voltarei a vê-la! A vida não é aquilo que eu quero ou que planeio, a vida é aquilo que tem de ser!

Diários de Escrita, por Sofia Araújo, 12º F

Foi há cerca de seis meses e parece que ainda foi ontem. Lembro-me de cada detalhe, de cada segundo e de cada momento. Lembro-me do que senti e do que ficou por sentir. No decorrer da minha infância, até aos meus 10 anos, vivi bastante feliz. Cresci num ambiente familiar harmonioso, nunca vi os meus pais a discutir. Bem, era o ideal de família. A minha mãe era doce, atenta, trabalhadora, esboçava um sorriso encantador. Quanto ao meu pai, sempre foi também doce e muito brincalhão. Segundo consta, o meu pai ficava muitas vezes encarregue de me adormecer, enquanto a minha mãe tratava das lidas domésticas, mas quem acabava por adormecer era ele. Na verdade, tinha tudo para ser feliz junto da minha família. No dia 14 de Junho de 2006, um dia aparentemente normal, eu e a minha família fomos a um passeio dentro do contexto escolar. O passeio correu bastante bem, e eu estava muito feliz e entusiasmada. Ao fim do dia, quando voltamos para casa, a minha mãe queixou-se de sentir uma dor forte do lado direito da barriga. Na minha pequenez e inocência, a mamã estava apenas com uma dor de barriga que passaria rapidamente. Tudo, menos imaginar que aquele dia mudaria a minha vida para sempre. Passaram-se dias, e essa dor teimava em atormentá-la, até que se decidiu que o melhor seria mesmo ir ao hospital. Toda a gente sabe como funcionam os hospitais e aquele dia não foi uma exceção, aguardámos horas e horas para a minha mãe ser atendida. Disseram que a minha mãe tinha pedra no rim, teria de beber muita água e ter alguns cuidados, mas, segundo o médico, poderia ter uma vida normal e, como estava sob o efeito de analgésicos, não tinha dores. O batismo do meu primo aproximava-se e recordo-me de estar com ela, toda contente, a experimentar os vestidos do guarda-roupa. A minha mãe tinha emagrecido subitamente e alguns vestidos de que ela tanto gostava tinham voltado a servir-lhe. No entanto, as dores tinham voltado e desta vez eram ainda mais fortes. Alguma coisa não estava bem. O meu pai andava muito preocupado com ela e fazia de tudo para ela estar bem. Entretanto, a minha mãe foi internada no hospital para que pudesse receber assistência e se conseguisse perceber o que realmente se passava. Foram feitos vários exames, o pânico instalou-se: a minha mãe estava deveras doente, tinha cancro no estômago. Eu chorei, o meu pai chorou, toda a família chorou. A minha mãe que nunca teve vícios, era aparentemente a pessoa mais saudável da família, católica, foi catequista durante anos, como poderia Deus agradecer-lhe desta forma? Como poderia a vida ser tão dura para quem nunca o foi? Foi como se o mundo estivesse a desmoronar à minha volta e eu não podia fazer nada. Os médicos reuniram-se para deliberarem acerca do sucedido e para decidirem o que se iria fazer. Pior do que saber que a minha mãe estava doente foi a decisão tomada pela parte dos médicos. A minha mãe não iria fazer qualquer tratamento, não iria fazer quimioterapia pelo facto de o temor se ter espalhado por todo o corpo, segundo a medicina não valeria a pena e só lhe causaria mais sofrimento. A minha mãe sempre foi uma figura querida entre as pessoas. Toda a gente a admirava e gostava de falar com ela pelo que tudo isto foi um choque para todos. Ela voltou para casa, os médicos aconselharam a que ela passasse o maior tempo possível com a família. Além disso, o meu aniversário aproximava-se, pelo que seria bom que ela estivesse presente nesse dia. Todos os dias rezávamos bastante à espera de um milagre, só um milagre poderia salvá-la. Decidimos procurar um herbanário que era bastante conhecido, diziam que ele já tinha salvado pessoas com doenças crónicas, e no fundo essa era a única esperança que nos restava. Lutadora como era a minha mãe, tomou todos os chás indicados, chá de terra, de batata, entre outros. Enfim, eram horríveis mas a força dela falou sempre mais alto. A minha mãe estava ali tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante. Só queria que tudo voltasse a ser como era. O meu pai estava incansável com ela, estava a tentar mostrar-se forte, mas eu sei que ele estava a morrer por dentro também. A minha mãe escondia as dores que tinha para não o preocupar. Recebíamos imensas visitas lá em casa, toda a gente a queria ver e ajudar com alguma coisa, quer fosse comida ou até mesmo dinheiro. O dia do meu aniversário (24 de Agosto de 2006) tinha chegado e logo de manhã bem cedo a minha mãe acordou-me com beijos e pronunciou: «parabéns, meu amor». A minha mãe pediu ao meu pai para me comprar um bolo, ela queria cantar-me os parabéns como sempre fez nos anos anteriores. Cantou e bateu palmas quase sem forças. Este foi talvez dos momentos que mais me marcou. No dia seguinte, ela foi internada no hospital. Antes de sair, penteei-lhe o cabelo com todo o carinho e essa foi a última vez que a vi. A minha mãe faleceu no dia seguinte (26 de Agosto) no hospital. A pessoa que me trouxe para a vida, a minha mãe, tinha acabado de falecer. Nem queria acreditar como uma simples dor de barriga se podia transformar naquilo. Metade de mim morreu também naquele instante. Quando chegou o dia do funeral, tive a completa noção de que a minha mãe iria embora e não voltaria mais. O recinto estava cheio como já calculava, a minha mãe tinha imensos amigos. Não consegui entrar, não tive coragem para a ver, preferi ficar com imagens de quando ela sorria para mim. Neste dia não consegui dormir em casa, dormi em casa dos meus avós, não conseguia entrar dentro da minha casa. Aliás, durante imenso tempo foi difícil para mim fazê-lo e não entrava sozinha dentro do quarto do meu pai. Com o decorrer dos anos tive que aprender a lidar com a situação. Não tinha a minha mãe para poder contar as minhas coisas, aquelas coisas que só se contam às mães. Não tive a minha mãe para me ver crescer, para me ver tornar numa mulher. Em datas especiais, como o dia da Mãe, era muito complicado para mim. As minhas amigas relatavam o que tinham oferecido ou o que iam oferecer e sentia-me revoltada por ter que deixar-lhe o meu presente no cemitério e não poder entregar-lhe como as minhas amigas entregavam. Apesar de tudo, tive um pai que me deu tudo para ser feliz. Tivemos de ser fortes um para o outro para que juntos conseguíssemos cumprir os pedidos da minha mãe. O único pedido que a minha mãe fez ao meu pai foi para que ele tomasse conta de mim e que me desse o melhor. O meu maior medo é não conseguir lembrar-me do rosto dela. E o meu maior desejo é sem dúvida ser como ela. A minha mãe foi um exemplo, uma lição de vida. Lutou até ao fim sem nunca baixar a cabeça. E eu acredito que um dia voltarei a vê-la! A vida não é aquilo que eu quero ou que planeio, a vida é aquilo que tem de ser!

diários de Escrita, por Tânia Araújo, 12º F


Tudo começou quando os meus pais me deram a notícia: ia ter uma irmã. A minha felicidade foi tal, que a notícia se espalhou rapidamente pelos amigos e pessoas mais próximas. O meu desejo de ter um irmão era antigo. Todos os anos eu pedia aos meus pais que o realizassem e a resposta era sempre a mesma, quando tiveres dez anos, serás presenteada com um irmão. Passaram-se meses e, no dia 4 de Janeiro de 2005, a minha mãe tinha uma consulta marcada para os últimos detalhes antes de eu conhecer a minha irmã. Mas, como todos os dias, fui para a escola, mas esse dia iria ser definitivamente diferente de todos os outros. Estava na escola, na hora do recreio, quando vi os meus pais passarem para o centro de saúde. Alguns minutos mais tarde voltaram a passar, o que me causou alguma estranheza. Os meus pais nunca iam almoçar a casa e eu fiquei extremamente curiosa por saber o que estava a acontecer. Queria que a escola acabasse depressa para ir para casa e, logo que tocou, fiz o percurso da escola para casa numa correria desenfreada. Corri para o quarto da minha irmã e verifiquei que o saco preparado para a minha mãe levar para o hospital já lá não se encontrava. Entretanto, ainda tive que esperar que o meu pai chegasse, o que me pareceram horas. À sua chegada, bombardeei-o com muitas perguntas e, serenamente, ele respondeu que tinha chegado a hora, mas era necessário calma. Por minutos fiquei sem palavras e, de seguida, saltei, gritei, abracei-o, agradeci-lhe a grande felicidade que me estava a dar. Pelas 18h30m, chegamos ao hospital e um amigo do meu pai, que é bombeiro, prontificou-se a conduzir-nos para o piso onde se encontrava a minha mãe, o da maternidade. Lá chegados, ouvimos, ao fundo, um choro de um bebé recém–nascido. Aguardamos um pouco mais, carregados de ansiedade e, de repente, a enfermeira chama-nos e leva-nos a uma sala. Nesta encontrava-se uma incubadora e dentro estava a minha irmã. Como a descrever? Era gorduchinha, cabeleira preta e olhos negros como azeitonas. Era uma bebé linda.  Toquei-lhe e senti que ela reagia. Só esse pequeno movimento fascinou-me, mal eu sabia o que ela me daria de bom ao longo da vida. Mas não poderíamos esquecer de visitar a outra heroína, a minha mãe. No quarto, ao aproximar-me da minha mãe, senti um impulso para a agarrar e abraçar, dizer-lhe a satisfação que sentia por ter uma irmã, aquela irmã. Abracei-a e começamos logo a conversar sobre o nome a atribuir a um ser tão desejado. Entre mim e a minha mãe, as opções recaíram sobre o nome de Adriana, contributo da minha mãe, e Sofia, o meu contributo. Tinha nascido a Adriana Sofia.Antes de as deixar descansar, porque o dia tinha sido duro, beijei-as e senti-me plenamente enriquecida. Com o nascimento da minha irmã, a minha vida mudou radicalmente. Este novo ser ensinou-me a partilhar, a cuidar, a sorrir e a permanecer um bocadinho criança. Agradeço-lhe ter contribuído para o meu crescimento como pessoa e agradeço aos meus pais terem-me oferecido tão grande felicidade. Marcou-me o seu nascimento e marca-me a sua presença todos os dias. 

diários de Escrita, por Tânia Araújo, 12º F


Tudo começou quando os meus pais me deram a notícia: ia ter uma irmã. A minha felicidade foi tal, que a notícia se espalhou rapidamente pelos amigos e pessoas mais próximas. O meu desejo de ter um irmão era antigo. Todos os anos eu pedia aos meus pais que o realizassem e a resposta era sempre a mesma, quando tiveres dez anos, serás presenteada com um irmão. Passaram-se meses e, no dia 4 de Janeiro de 2005, a minha mãe tinha uma consulta marcada para os últimos detalhes antes de eu conhecer a minha irmã. Mas, como todos os dias, fui para a escola, mas esse dia iria ser definitivamente diferente de todos os outros. Estava na escola, na hora do recreio, quando vi os meus pais passarem para o centro de saúde. Alguns minutos mais tarde voltaram a passar, o que me causou alguma estranheza. Os meus pais nunca iam almoçar a casa e eu fiquei extremamente curiosa por saber o que estava a acontecer. Queria que a escola acabasse depressa para ir para casa e, logo que tocou, fiz o percurso da escola para casa numa correria desenfreada. Corri para o quarto da minha irmã e verifiquei que o saco preparado para a minha mãe levar para o hospital já lá não se encontrava. Entretanto, ainda tive que esperar que o meu pai chegasse, o que me pareceram horas. À sua chegada, bombardeei-o com muitas perguntas e, serenamente, ele respondeu que tinha chegado a hora, mas era necessário calma. Por minutos fiquei sem palavras e, de seguida, saltei, gritei, abracei-o, agradeci-lhe a grande felicidade que me estava a dar. Pelas 18h30m, chegamos ao hospital e um amigo do meu pai, que é bombeiro, prontificou-se a conduzir-nos para o piso onde se encontrava a minha mãe, o da maternidade. Lá chegados, ouvimos, ao fundo, um choro de um bebé recém–nascido. Aguardamos um pouco mais, carregados de ansiedade e, de repente, a enfermeira chama-nos e leva-nos a uma sala. Nesta encontrava-se uma incubadora e dentro estava a minha irmã. Como a descrever? Era gorduchinha, cabeleira preta e olhos negros como azeitonas. Era uma bebé linda.  Toquei-lhe e senti que ela reagia. Só esse pequeno movimento fascinou-me, mal eu sabia o que ela me daria de bom ao longo da vida. Mas não poderíamos esquecer de visitar a outra heroína, a minha mãe. No quarto, ao aproximar-me da minha mãe, senti um impulso para a agarrar e abraçar, dizer-lhe a satisfação que sentia por ter uma irmã, aquela irmã. Abracei-a e começamos logo a conversar sobre o nome a atribuir a um ser tão desejado. Entre mim e a minha mãe, as opções recaíram sobre o nome de Adriana, contributo da minha mãe, e Sofia, o meu contributo. Tinha nascido a Adriana Sofia.Antes de as deixar descansar, porque o dia tinha sido duro, beijei-as e senti-me plenamente enriquecida. Com o nascimento da minha irmã, a minha vida mudou radicalmente. Este novo ser ensinou-me a partilhar, a cuidar, a sorrir e a permanecer um bocadinho criança. Agradeço-lhe ter contribuído para o meu crescimento como pessoa e agradeço aos meus pais terem-me oferecido tão grande felicidade. Marcou-me o seu nascimento e marca-me a sua presença todos os dias.