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Beaf - Biblioteca Escolar António Ferraz

"Ler engrandece a alma!" [Voltaire]

Beaf - Biblioteca Escolar António Ferraz

"Ler engrandece a alma!" [Voltaire]

Diários de Escrita, por Helena Torre, 12º B

Experiência marcante
Avida é algo de extraordinário de tal forma que constantemente somossurpreendidos com múltiplas experiências, algumas delas tão marcantes, quealteram absolutamente o nosso jeito de sentir, pensar e estar. Refiro-me atodas as vivências humanas arrebatadoras, positiva e negativamente. Num cômputogenérico, e nesta ainda minha breve existência, considero que as situações dedor e sofrimento são as mais estruturantes da nossa própria humanidade.
Deforma simples e concisa, acredito que viemos ao Mundo para sofrer, paraaprender a ultrapassar batalhas e barreiras com que a vida nos encarrega de “presentear”.Vou narrar - vos uma memória que descreve breves momentos da história da minhaavó.
Ora,se Deus existe e, se enviasse representantes à Terra, sem dúvida que aminha avó seria um deles.  Sempre a conheci determinada e forte, mas, como passar dos anos, o castelo de betão armado que ela construiu parece quese transformou num castelo de cartas que aos poucos se foi desmoronando.  
(Avó,tiveste de ultrapassar a perda de um filho, que só quem passa por algo dogénero na família é que sabe a dor que é, mas não te deixaste enfraquecerpor tão forte embate. Por incrível que pareça, eras tu que davas forças a quemnão a tinha).  
Ecomo tal dor não fosse suficiente, nos últimos meses, o cancro veio visitar-te.Como pessoa de força que és e habituada a lutar e a vencer não quiseste queninguém soubesse da tal súbita visita. Guardaste contigo tão atroz segredo esofreste em silêncio.  
Mas,com o passar dos meses, a mulher que outrora sofrera pela perda do filho quebrou,retomou o olhar cabisbaixo, já não conseguia dissimular o sofrimento e osegredo que guardava. Eu sei que tu não querias que ninguém sofresse por ti, ouque te vissem sofrer, mas deixaste-nos a sofrer, porque amar é sofrer pelooutro e com outro. Como tudo é irónico e simultaneamente cruel.  
Ninguémesperava que alguém que já tanto sofreu em tempos tivesse agora de passarpor tudo outra vez, ninguém o merece,  e Tu não o merecias mesmo. A minha alma sofre de momento, sei que chorarei,mas já quase me secaram as lágrimas, pois sinto-me esgotada ao assistir à lutadesumana que tu travas. O vazio que senti e sinto ensinaste--me tu que o devoultrapassar, tornando-se este o maior preceito da minha vida.
Sofro,mas creio que nada foi em vão, porque tu ensinaste-me que viver é algo deextraordinário e inadiável).
Somossurpreendidos com experiências, algumas delas tão marcantes que alteramabsolutamente o nosso modo de sentir, pensar e estar.
Amanhãsorrirei... aprendi que é com o sofrimento que a batalha da vida ganha efetivamentesentido. Obrigada, avó!

Diários de Escrita, por Helena Torre, 12º B

Experiência marcante
Avida é algo de extraordinário de tal forma que constantemente somossurpreendidos com múltiplas experiências, algumas delas tão marcantes, quealteram absolutamente o nosso jeito de sentir, pensar e estar. Refiro-me atodas as vivências humanas arrebatadoras, positiva e negativamente. Num cômputogenérico, e nesta ainda minha breve existência, considero que as situações dedor e sofrimento são as mais estruturantes da nossa própria humanidade.
Deforma simples e concisa, acredito que viemos ao Mundo para sofrer, paraaprender a ultrapassar batalhas e barreiras com que a vida nos encarrega de “presentear”.Vou narrar - vos uma memória que descreve breves momentos da história da minhaavó.
Ora,se Deus existe e, se enviasse representantes à Terra, sem dúvida que aminha avó seria um deles.  Sempre a conheci determinada e forte, mas, como passar dos anos, o castelo de betão armado que ela construiu parece quese transformou num castelo de cartas que aos poucos se foi desmoronando.  
(Avó,tiveste de ultrapassar a perda de um filho, que só quem passa por algo dogénero na família é que sabe a dor que é, mas não te deixaste enfraquecerpor tão forte embate. Por incrível que pareça, eras tu que davas forças a quemnão a tinha).  
Ecomo tal dor não fosse suficiente, nos últimos meses, o cancro veio visitar-te.Como pessoa de força que és e habituada a lutar e a vencer não quiseste queninguém soubesse da tal súbita visita. Guardaste contigo tão atroz segredo esofreste em silêncio.  
Mas,com o passar dos meses, a mulher que outrora sofrera pela perda do filho quebrou,retomou o olhar cabisbaixo, já não conseguia dissimular o sofrimento e osegredo que guardava. Eu sei que tu não querias que ninguém sofresse por ti, ouque te vissem sofrer, mas deixaste-nos a sofrer, porque amar é sofrer pelooutro e com outro. Como tudo é irónico e simultaneamente cruel.  
Ninguémesperava que alguém que já tanto sofreu em tempos tivesse agora de passarpor tudo outra vez, ninguém o merece,  e Tu não o merecias mesmo. A minha alma sofre de momento, sei que chorarei,mas já quase me secaram as lágrimas, pois sinto-me esgotada ao assistir à lutadesumana que tu travas. O vazio que senti e sinto ensinaste--me tu que o devoultrapassar, tornando-se este o maior preceito da minha vida.
Sofro,mas creio que nada foi em vão, porque tu ensinaste-me que viver é algo deextraordinário e inadiável).
Somossurpreendidos com experiências, algumas delas tão marcantes que alteramabsolutamente o nosso modo de sentir, pensar e estar.
Amanhãsorrirei... aprendi que é com o sofrimento que a batalha da vida ganha efetivamentesentido. Obrigada, avó!

Diários de Escrita, por Liliana Gomes, 12º B

                              A amizade
A amizade é uma relação presentena vida de todas as pessoas, mas há variáveis que nos fazem vivenciá-la de mododistinto, a idade, o género, o contexto cultural em que cada um se insere.
As relações queestabelecemos com os outros seres com os quais nos identificamos, conversamosespontaneamente e sem receio, ocupa, no nosso dia-a-dia, um enorme espaçodentro de cada um de nós e muito do nosso tempo ou dos nossos tempos livres.Para os amigos, dirigimos e também recebemos os nossos afetos, os nossos medos,as nossas angústias. Com eles, fundimos dores e alegrias, crenças e desejos, anossa vida íntima é profundamente partilhada com outro, com sinceridade e plenaconfiança. Na adolescência, período em que os pares desempenham um papelsocializador e determinante no desenvolvimento harmonioso de cada jovem, osamigos potenciam a nossa afirmação, contribuem para a estruturação da nossaidentidade e criam-se as condições para o amadurecimento dos afetos. Destemodo, constroem-se laços fortes sustentados na lealdade, no carinho e nasegurança, presentes naquelas relações que acreditamos serem eternas.
As relações de amizadecorrespondem assim a um importante suporte psicológico, de tal forma que a suarutura irá resultar, muitas vezes, num grande fator de perturbação. Por estamesma razão Fernando Pessoa admite que “Eu poderia suportar, embora não semdor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressemtodos os meus amigos.” De facto, Fernando Pessoa transmite, nas suas palavras,o “peso” que a amizade tem nas nossas vidas.
                Apesardo reconhecimento do valor da amizade, ao longo da vida, as pessoas vão tendocada vez menos amigos pois vão assumindo múltiplos papéis socias, vão preenchendoas suas vidas com projetos pessoais, profissionais e cívicos, e os amigos nemsempre acompanham este novo ciclo e as suas mutações. Mas não é preciso termosmuitos amigos para sermos felizes pois, às vezes, basta uma verdadeira amizadepara nos sentirmos amparados e felizes em qualquer hora e em qualquer lugar,sabendo que aconteça o que acontecer aquele ser humano especial permanecerá donosso lado.
A única forma de ter umamigo é ser amigo pois uma relação de amizade implica reciprocidade absoluta. As verdadeiras amizadessuportam tudo, esperam tudo, creem em tudo e tudo perdoam pelo simples facto deexistir entre aqueles seres um laço de verdadeiro amor. Daí, a verdadeiraamizade ser aquela que o vento não leva e a distância não separa.
Segundo Charles Chaplin, com uma verdadeira amizadea vida torna-se mais simples, mais rica e mais bela.

Diários de Escrita, por Liliana Gomes, 12º B

                              A amizade
A amizade é uma relação presentena vida de todas as pessoas, mas há variáveis que nos fazem vivenciá-la de mododistinto, a idade, o género, o contexto cultural em que cada um se insere.
As relações queestabelecemos com os outros seres com os quais nos identificamos, conversamosespontaneamente e sem receio, ocupa, no nosso dia-a-dia, um enorme espaçodentro de cada um de nós e muito do nosso tempo ou dos nossos tempos livres.Para os amigos, dirigimos e também recebemos os nossos afetos, os nossos medos,as nossas angústias. Com eles, fundimos dores e alegrias, crenças e desejos, anossa vida íntima é profundamente partilhada com outro, com sinceridade e plenaconfiança. Na adolescência, período em que os pares desempenham um papelsocializador e determinante no desenvolvimento harmonioso de cada jovem, osamigos potenciam a nossa afirmação, contribuem para a estruturação da nossaidentidade e criam-se as condições para o amadurecimento dos afetos. Destemodo, constroem-se laços fortes sustentados na lealdade, no carinho e nasegurança, presentes naquelas relações que acreditamos serem eternas.
As relações de amizadecorrespondem assim a um importante suporte psicológico, de tal forma que a suarutura irá resultar, muitas vezes, num grande fator de perturbação. Por estamesma razão Fernando Pessoa admite que “Eu poderia suportar, embora não semdor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressemtodos os meus amigos.” De facto, Fernando Pessoa transmite, nas suas palavras,o “peso” que a amizade tem nas nossas vidas.
                Apesardo reconhecimento do valor da amizade, ao longo da vida, as pessoas vão tendocada vez menos amigos pois vão assumindo múltiplos papéis socias, vão preenchendoas suas vidas com projetos pessoais, profissionais e cívicos, e os amigos nemsempre acompanham este novo ciclo e as suas mutações. Mas não é preciso termosmuitos amigos para sermos felizes pois, às vezes, basta uma verdadeira amizadepara nos sentirmos amparados e felizes em qualquer hora e em qualquer lugar,sabendo que aconteça o que acontecer aquele ser humano especial permanecerá donosso lado.
A única forma de ter umamigo é ser amigo pois uma relação de amizade implica reciprocidade absoluta. As verdadeiras amizadessuportam tudo, esperam tudo, creem em tudo e tudo perdoam pelo simples facto deexistir entre aqueles seres um laço de verdadeiro amor. Daí, a verdadeiraamizade ser aquela que o vento não leva e a distância não separa.
Segundo Charles Chaplin, com uma verdadeira amizadea vida torna-se mais simples, mais rica e mais bela.

Diários de Escrita, por Anónimo, 12º ano

Sãomuitos os momentos que marcaram a minha vida. Desde os felizes aos menos bons,dos mais simples aos mais complexos, a minha vida, tal com todas as outras, émarcada por “momentos” em que tudo muda.
Vou contar o momentoque mais me marcou. Por mais estranho que pareça, foi um funeral. O funeral domeu tio, irmão do meu pai. Nunca tive grande relação afetiva com aquele tio,isso é verdade, no entanto, sei que nunca esquecerei aqueles dias…
Era um homem nosquarenta, com três filhos ainda na juventude, um emprego estável, diabético,problemas de coração e alcoólico. Porém nunca tinha grandes problemas de saúde.Um dia, o coração parou. Parou por três vezes, e parou para sempre…. O dia dofuneral foi o dia mais difícil para mim. Toda a família estava em choque. Ospróprios filhos é que davam apoio, ironicamente… A sensação de olhar para ocaixão e ver lá o rosto do meu pai, imaginar que mais dia, menos dia, me iriaacontecer o mesmo foi das piores coisas da minha vida. Saber que o meu pai vaimorrer pelo mesmo motivo, por causa do estupido vício do álcool!... Foi umaperto no peito, o nó na garganta, o sabor a sangue na boca, o arrepio frio deJaneiro…
Um funeral é sempre ummomento triste e de despedida. Se um chora, todos choram… Vi o meu pai semexpressão no rosto, sem sentimento algum… Vi o meu primo a abraçar-se ao pai adizer: “pai, já estou aqui”, “eu não o vou deixar”, “isto não é um até sempre,é um até já. Logo já o temos de volta na nossa vida, na nossa casa”… Senti evivi aquele funeral como se fosse o funeral do meu próprio pai.
A minha relação com omeu pai, tal como a dos meus irmãos, nunca foi uma relação pai-filho. O meu paisempre foi uma pessoa muito difícil, e tudo o que eu e os meus irmãos temos égraças à força e à coragem da minha mãe. Sempre lutou, sozinha, para garantirque nunca nos faltasse nada. Todos nós, os quatro irmãos, começamos a trabalharmuito cedo para ajudar a minha mãe. Ano após ano, era uma luta constante contraas loucuras e os desvaneios do meu pai. Nunca deixou o álcool nem o tabaco. Ascrises de epilepsia foram-se agravando. Juntou mil e uma doenças ao seuhistorial clínico. Passou meses e meses internado, dezenas de vezes entre avida e a morte… Nunca se importou. Só se importava em beber. Não percebia osofrimento que nos causava… Considero o meu pai, pura e simplesmente meu “dadorde esperma” e, por várias vezes, cheguei a desejar a sua morte. Como é quealguém deseja a morte do próprio pai? Nem eu sei responder a isso. Angústia,desespero, rancor… Eu só queria poder ter uma vida, uma vida a sério, sempreocupações e sofrimento devido às asneiras que fazia. Estava farta dasdiscussões, de o ouvir renegar o meu irmão, de ouvir “tenho vergonha de ser suafilha”… A minha mãe tinha vergonha de se separar… Foram anos e anos a fingirnão sofrer, a sofrer para mim, para não preocupar a minha mãe, tal como os meusirmãos faziam. Não me lembro de ter outra vida. Só recordo dois momentos bonsda minha infância com o meu pai. Estranho, não?
E aquele funeral foi oculminar de tudo. Imaginar se fosse ele. Sentir a dor de o perder, mas pensarna quantidade de problemas que acabariam. Tive momentos de choro, de raiva e dedesespero. Nada estava nas minhas mãos. Nem nas da minha mãe ou dos meus irmãos.Muito menos nas da restante família…
Já se passaram quasetrês anos. O que mudou? Ainda não sei ao certo. O que eu mudei? A forma de encarara vida. O ódio e o rancor dão lugar à indiferença. Cada vez o seu estado desaúde é mais reservado. É um aperto no peito vinte e quatro horas por dia, diaapós dia, receio de ser “agora” que lhe volte a dar uma crise de epilepsia, ouqualquer outra coisa. E quando isso acontece, é ajudá-lo quando ele precisa,acompanhar o empate do “vive ou morre”, de acompanhar principalmente a minha mãe…
O que aprendi com tudoisto? Que pai só tenho um. Pode ser bom ou mau, mas não o posso mudar. Não oposso trocar, muito menos devolver. É esquecer o passado, pensar no hoje eimaginar que o amanhã será melhor… Como um grande amigo me disse: “o segredo dosucesso não está em não cair, mas em se conseguir levantar sempre que se cai”.
Só me resta aceitar,de igual forma, a vida e a morte. É fazer de ambas as experiências motivos parame tornar forte e vencer as mais rudes circunstâncias da vida…           

Diários de Escrita, por Anónimo, 12º ano

Sãomuitos os momentos que marcaram a minha vida. Desde os felizes aos menos bons,dos mais simples aos mais complexos, a minha vida, tal com todas as outras, émarcada por “momentos” em que tudo muda.
Vou contar o momentoque mais me marcou. Por mais estranho que pareça, foi um funeral. O funeral domeu tio, irmão do meu pai. Nunca tive grande relação afetiva com aquele tio,isso é verdade, no entanto, sei que nunca esquecerei aqueles dias…
Era um homem nosquarenta, com três filhos ainda na juventude, um emprego estável, diabético,problemas de coração e alcoólico. Porém nunca tinha grandes problemas de saúde.Um dia, o coração parou. Parou por três vezes, e parou para sempre…. O dia dofuneral foi o dia mais difícil para mim. Toda a família estava em choque. Ospróprios filhos é que davam apoio, ironicamente… A sensação de olhar para ocaixão e ver lá o rosto do meu pai, imaginar que mais dia, menos dia, me iriaacontecer o mesmo foi das piores coisas da minha vida. Saber que o meu pai vaimorrer pelo mesmo motivo, por causa do estupido vício do álcool!... Foi umaperto no peito, o nó na garganta, o sabor a sangue na boca, o arrepio frio deJaneiro…
Um funeral é sempre ummomento triste e de despedida. Se um chora, todos choram… Vi o meu pai semexpressão no rosto, sem sentimento algum… Vi o meu primo a abraçar-se ao pai adizer: “pai, já estou aqui”, “eu não o vou deixar”, “isto não é um até sempre,é um até já. Logo já o temos de volta na nossa vida, na nossa casa”… Senti evivi aquele funeral como se fosse o funeral do meu próprio pai.
A minha relação com omeu pai, tal como a dos meus irmãos, nunca foi uma relação pai-filho. O meu paisempre foi uma pessoa muito difícil, e tudo o que eu e os meus irmãos temos égraças à força e à coragem da minha mãe. Sempre lutou, sozinha, para garantirque nunca nos faltasse nada. Todos nós, os quatro irmãos, começamos a trabalharmuito cedo para ajudar a minha mãe. Ano após ano, era uma luta constante contraas loucuras e os desvaneios do meu pai. Nunca deixou o álcool nem o tabaco. Ascrises de epilepsia foram-se agravando. Juntou mil e uma doenças ao seuhistorial clínico. Passou meses e meses internado, dezenas de vezes entre avida e a morte… Nunca se importou. Só se importava em beber. Não percebia osofrimento que nos causava… Considero o meu pai, pura e simplesmente meu “dadorde esperma” e, por várias vezes, cheguei a desejar a sua morte. Como é quealguém deseja a morte do próprio pai? Nem eu sei responder a isso. Angústia,desespero, rancor… Eu só queria poder ter uma vida, uma vida a sério, sempreocupações e sofrimento devido às asneiras que fazia. Estava farta dasdiscussões, de o ouvir renegar o meu irmão, de ouvir “tenho vergonha de ser suafilha”… A minha mãe tinha vergonha de se separar… Foram anos e anos a fingirnão sofrer, a sofrer para mim, para não preocupar a minha mãe, tal como os meusirmãos faziam. Não me lembro de ter outra vida. Só recordo dois momentos bonsda minha infância com o meu pai. Estranho, não?
E aquele funeral foi oculminar de tudo. Imaginar se fosse ele. Sentir a dor de o perder, mas pensarna quantidade de problemas que acabariam. Tive momentos de choro, de raiva e dedesespero. Nada estava nas minhas mãos. Nem nas da minha mãe ou dos meus irmãos.Muito menos nas da restante família…
Já se passaram quasetrês anos. O que mudou? Ainda não sei ao certo. O que eu mudei? A forma de encarara vida. O ódio e o rancor dão lugar à indiferença. Cada vez o seu estado desaúde é mais reservado. É um aperto no peito vinte e quatro horas por dia, diaapós dia, receio de ser “agora” que lhe volte a dar uma crise de epilepsia, ouqualquer outra coisa. E quando isso acontece, é ajudá-lo quando ele precisa,acompanhar o empate do “vive ou morre”, de acompanhar principalmente a minha mãe…
O que aprendi com tudoisto? Que pai só tenho um. Pode ser bom ou mau, mas não o posso mudar. Não oposso trocar, muito menos devolver. É esquecer o passado, pensar no hoje eimaginar que o amanhã será melhor… Como um grande amigo me disse: “o segredo dosucesso não está em não cair, mas em se conseguir levantar sempre que se cai”.
Só me resta aceitar,de igual forma, a vida e a morte. É fazer de ambas as experiências motivos parame tornar forte e vencer as mais rudes circunstâncias da vida…