No Dia Mundial da Poesia, que é também o dia da Primavera, a BE e o CLP fizeram 'florir' uma árvore com flores e poemas - anunciar a Primavera com Poesia, celebrar a Poesia como renovação e vida.
No Dia Mundial da Poesia, que é também o dia da Primavera, a BE e o CLP fizeram 'florir' uma árvore com flores e poemas - anunciar a Primavera com Poesia, celebrar a Poesia como renovação e vida.
«A Semana da Leitura é uma actividade que pretende celebrar o prazer de ler. Assim, a nossa Biblioteca associa-se ao Plano Nacional de Leitura e promove, entre os dias 22 e 26 de Março, várias actividades que se empenham em tornar a leitura um bem plenamente usufruído por crianças e jovens.
PROGRAMA: Ao longo da semana: Feira do Livro usado ‘Leituras soltas’ na rádio Barcelos (91.9) Exposição “ LER+ Teatro”
Segunda-feira, dia 22 de Março LER+ 10.00h Abertura da Feira do Livro Usado “Liberdade de Imprensa” (12ºF) 11.35h ‘Leituras soltas’ pelas salas
14.30h Dia Mundial da Água 12º D Para alunos do 1º Ciclo
Terça-feira, dia 23 de Março LER+ 10.00h “A Mensagem de Pessoa em análise” (12ºB) Recital de Poesia (CLP) - “Mensagem de Pessoa”
Quarta-feira, dia 24 de Março LER+ 10.00h “A leitura está na rua” ‘Caminhada de Leitura’ até à Câmara, Rua direita, Porta Nova e Pingo Doce.
14.30h “Desporto como prevenção de doenças”(12ºD) Com a colaboração dos “Amigos da Montanha”
Noite: 21.00h Momentos de leitura. Todos os cursos EFA
Quinta-feira, dia 25 de Março LER+ 10.00h “Sensualidade na Literatura” por Aida Lemos (12ºF) 11.00h ‘Leituras soltas’ pelas salas
14.10h O Conto das Quintas 15.05h Encontro com o escritor Carlos Teixo
Sexta-feira, dia 26 de Março LER+ Comemoração do Dia Internacional do Teatro “Exposição”
«A Semana da Leitura é uma actividade que pretende celebrar o prazer de ler. Assim, a nossa Biblioteca associa-se ao Plano Nacional de Leitura e promove, entre os dias 22 e 26 de Março, várias actividades que se empenham em tornar a leitura um bem plenamente usufruído por crianças e jovens.
PROGRAMA: Ao longo da semana: Feira do Livro usado ‘Leituras soltas’ na rádio Barcelos (91.9) Exposição “ LER+ Teatro”
Segunda-feira, dia 22 de Março LER+ 10.00h Abertura da Feira do Livro Usado “Liberdade de Imprensa” (12ºF) 11.35h ‘Leituras soltas’ pelas salas
14.30h Dia Mundial da Água 12º D Para alunos do 1º Ciclo
Terça-feira, dia 23 de Março LER+ 10.00h “A Mensagem de Pessoa em análise” (12ºB) Recital de Poesia (CLP) - “Mensagem de Pessoa”
Quarta-feira, dia 24 de Março LER+ 10.00h “A leitura está na rua” ‘Caminhada de Leitura’ até à Câmara, Rua direita, Porta Nova e Pingo Doce.
14.30h “Desporto como prevenção de doenças”(12ºD) Com a colaboração dos “Amigos da Montanha”
Noite: 21.00h Momentos de leitura. Todos os cursos EFA
Quinta-feira, dia 25 de Março LER+ 10.00h “Sensualidade na Literatura” por Aida Lemos (12ºF) 11.00h ‘Leituras soltas’ pelas salas
14.10h O Conto das Quintas 15.05h Encontro com o escritor Carlos Teixo
Sexta-feira, dia 26 de Março LER+ Comemoração do Dia Internacional do Teatro “Exposição”
«Nada mais intrigante do que um esgar, embora distraído e ocupado, sobre as nossas estantes de livros. Certos livros, vemo-los desarticulados e moles como que implorando-nos, “lê-me, pois estou prestes a desfalecer”. Outros, absolutamente hirtos e potentes, afrontam-nos com tanta sabedoria que se torna difícil encontrar a hora ideal para nos digladiarmos com eles. O certo é que as nossas estantes ficam mais nobres graças aos livros, transmitem um certo status quando recebemos visitas, mas logo nos incomoda o trabalho de termos que os limpar, ao mesmo tempo que, inversamente, aspiramos a que eles tenham uma certa patine que só o pó, a humidade e os anos conseguirão dar-lhes de forma natural e autêntica. Há uns dias atrás, peguei num livro desses com patine, folhas amarelecidas, desesperadamente amarradas umas às outras como se juntas tivessem sido vítimas de um naufrágio. A capa, de tipo pergaminho, era matizada de pontos de humidade cinzentos e atada por fios de couro quebradiços capazes de não atar por muito mais tempo. Não lhe peguei para o ler, confesso, até porque era tão recuado no tempo que tive dificuldade e senti-me ignorante ao tentar decifrar o ano da sua edição escrito em letra romana (M, DC, LXXXVII). O conteúdo tinha a ver com máximas políticas e morais de um Padre Jesuíta, de nome Francisco Garau, de Barcelona. Do livro, apenas lhe quis sentir o peso, o cheiro, manuseá-lo num fim de tarde vulgar que aspirava a algo de novo. Como troca do prazer proporcionado pelo livro, injustamente apenas li os títulos de algumas das suas máximas! Ao pousá-lo, em cima da caixa que ele ajuda a decorar - e aqui está a cobrança que faço ao livro em causa - recordei que esta “peça” foi resgatada para minha casa tal como acontece a um animal solitário na rua que acolhemos por compaixão. Mas, para tudo é preciso ter sorte, pensei… porque pelo menos esta valiosa antiguidade livrou-se de ir para a fogueira ou para o contentor mais próximo. Constato que até com os livros nos vem o egoísmo ao de cima. Usamo-los, sugamos-lhes o sangue e pomo-los de lado porque já deram o que tinham a dar. O mesmo se passa quando fazemos uma tertúlia cujos personagens somos nós, os livros e o chá. Nesta partilha, o livro talvez seja o menos compensado, porque se o livro for forte de mais, não passa despercebido e é criticado; enquanto que se o chá for forte, deitamos-lhe água e adocicamo-lo, ou então, ficamos vidrados na sua caixa de folha que utilizaremos na decoração da nossa cozinha, facilmente esquecendo o seu conteúdo. Penso que para saldarmos a dívida que temos para com os livros, a qual nos incomoda, resta-nos a compensação do livro se ter sentido acariciado nos breves momentos em que decidimos escolhê-lo e aspirar a que as suas folhas rebentem na próxima Primavera, pois os livros, tal como as plantas, também gostam que falemos com eles.»
«Nada mais intrigante do que um esgar, embora distraído e ocupado, sobre as nossas estantes de livros. Certos livros, vemo-los desarticulados e moles como que implorando-nos, “lê-me, pois estou prestes a desfalecer”. Outros, absolutamente hirtos e potentes, afrontam-nos com tanta sabedoria que se torna difícil encontrar a hora ideal para nos digladiarmos com eles. O certo é que as nossas estantes ficam mais nobres graças aos livros, transmitem um certo status quando recebemos visitas, mas logo nos incomoda o trabalho de termos que os limpar, ao mesmo tempo que, inversamente, aspiramos a que eles tenham uma certa patine que só o pó, a humidade e os anos conseguirão dar-lhes de forma natural e autêntica. Há uns dias atrás, peguei num livro desses com patine, folhas amarelecidas, desesperadamente amarradas umas às outras como se juntas tivessem sido vítimas de um naufrágio. A capa, de tipo pergaminho, era matizada de pontos de humidade cinzentos e atada por fios de couro quebradiços capazes de não atar por muito mais tempo. Não lhe peguei para o ler, confesso, até porque era tão recuado no tempo que tive dificuldade e senti-me ignorante ao tentar decifrar o ano da sua edição escrito em letra romana (M, DC, LXXXVII). O conteúdo tinha a ver com máximas políticas e morais de um Padre Jesuíta, de nome Francisco Garau, de Barcelona. Do livro, apenas lhe quis sentir o peso, o cheiro, manuseá-lo num fim de tarde vulgar que aspirava a algo de novo. Como troca do prazer proporcionado pelo livro, injustamente apenas li os títulos de algumas das suas máximas! Ao pousá-lo, em cima da caixa que ele ajuda a decorar - e aqui está a cobrança que faço ao livro em causa - recordei que esta “peça” foi resgatada para minha casa tal como acontece a um animal solitário na rua que acolhemos por compaixão. Mas, para tudo é preciso ter sorte, pensei… porque pelo menos esta valiosa antiguidade livrou-se de ir para a fogueira ou para o contentor mais próximo. Constato que até com os livros nos vem o egoísmo ao de cima. Usamo-los, sugamos-lhes o sangue e pomo-los de lado porque já deram o que tinham a dar. O mesmo se passa quando fazemos uma tertúlia cujos personagens somos nós, os livros e o chá. Nesta partilha, o livro talvez seja o menos compensado, porque se o livro for forte de mais, não passa despercebido e é criticado; enquanto que se o chá for forte, deitamos-lhe água e adocicamo-lo, ou então, ficamos vidrados na sua caixa de folha que utilizaremos na decoração da nossa cozinha, facilmente esquecendo o seu conteúdo. Penso que para saldarmos a dívida que temos para com os livros, a qual nos incomoda, resta-nos a compensação do livro se ter sentido acariciado nos breves momentos em que decidimos escolhê-lo e aspirar a que as suas folhas rebentem na próxima Primavera, pois os livros, tal como as plantas, também gostam que falemos com eles.»
Lia, com gosto, aquele livro encontrado ao acaso. Braços poisados na mesa, pulsos de mãos abertas em atril, apontando o tecto, os dedos afagavam a capa sedosa. As folhas, alvas e cheias dos silêncios que são os espaços entre as letras, ofereciam-se, generosas em sons, sabores e cheiros. O livro abrira-se ali, precisamente nas páginas que alguém fizera abrir além da norma, forçando-as. No texto, um menino recorda o sabor do chá que um pequeno bolo (uma madalena) absorveu. Esse momento marcara-o para sempre: toda a infância contida nessa sensação de bolo húmido enrolado pela língua e saboreado contra o palato. O menino fecha os olhos. O mundo pára. Naquele século XIX havia, por certo, mais tempo para viver sensações… Hoje, dia de Fevereiro em que o I entre os XX viajou para depois deles, eu corto em dois o meu dia, esqueço-me entre os vivos e detenho-me a ler a descrição prolongada e perfeita na qual, desde o Outro Lado – o da morte – um pequeno rapaz faz apelo a todas as sensações que em nós dormem: esqueço-me de quem sou, do tempo que por mim passa, das ridículas obrigações dos dias esvaziados de sentido e de infância e leio detidamente, como quem reza, esse bocado de mim que alguém escreveu mesmo antes do projecto da minha existência. Ao meu lado, uma voz traz-me ao mundo, pergunta: «- E o que vai tomar para acompanhar esse livro?...» «- Um mil folhas e… um chá. Um chá de livros.» Autor: V. P.
Lia, com gosto, aquele livro encontrado ao acaso. Braços poisados na mesa, pulsos de mãos abertas em atril, apontando o tecto, os dedos afagavam a capa sedosa. As folhas, alvas e cheias dos silêncios que são os espaços entre as letras, ofereciam-se, generosas em sons, sabores e cheiros. O livro abrira-se ali, precisamente nas páginas que alguém fizera abrir além da norma, forçando-as. No texto, um menino recorda o sabor do chá que um pequeno bolo (uma madalena) absorveu. Esse momento marcara-o para sempre: toda a infância contida nessa sensação de bolo húmido enrolado pela língua e saboreado contra o palato. O menino fecha os olhos. O mundo pára. Naquele século XIX havia, por certo, mais tempo para viver sensações… Hoje, dia de Fevereiro em que o I entre os XX viajou para depois deles, eu corto em dois o meu dia, esqueço-me entre os vivos e detenho-me a ler a descrição prolongada e perfeita na qual, desde o Outro Lado – o da morte – um pequeno rapaz faz apelo a todas as sensações que em nós dormem: esqueço-me de quem sou, do tempo que por mim passa, das ridículas obrigações dos dias esvaziados de sentido e de infância e leio detidamente, como quem reza, esse bocado de mim que alguém escreveu mesmo antes do projecto da minha existência. Ao meu lado, uma voz traz-me ao mundo, pergunta: «- E o que vai tomar para acompanhar esse livro?...» «- Um mil folhas e… um chá. Um chá de livros.» Autor: V. P.
“Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo ” (Fernando Pessoa)
“Ler é sonhar pela mão de outrem. Ler mal e por alto é libertarmo-nos da mão que nos conduz. A superficialidade na erudição é o melhor modo de ler bem e ser profundo ” (Fernando Pessoa)