Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Beaf - Biblioteca Escolar António Ferraz

"Ler engrandece a alma!" [Voltaire]

Beaf - Biblioteca Escolar António Ferraz

"Ler engrandece a alma!" [Voltaire]

Dia Mundial da Poesia

No Dia Mundial da Poesia, que é também o dia da Primavera, a BE e o CLP fizeram 'florir' uma árvore com flores e poemas - anunciar a Primavera com Poesia, celebrar a Poesia como renovação e vida.

Dia Mundial da Poesia

No Dia Mundial da Poesia, que é também o dia da Primavera, a BE e o CLP fizeram 'florir' uma árvore com flores e poemas - anunciar a Primavera com Poesia, celebrar a Poesia como renovação e vida.

Semana da Leitura - de 22 a 26 de Março


“A Leitura engrandece a alma” (Voltaire)


«A Semana da Leitura é uma actividade que pretende celebrar o prazer de ler. Assim, a nossa Biblioteca associa-se ao Plano Nacional de Leitura e promove, entre os dias 22 e 26 de Março, várias actividades que se empenham em tornar a leitura um bem plenamente usufruído por crianças e jovens.

PROGRAMA:
Ao longo da semana:
Feira do Livro usado
‘Leituras soltas’ na rádio Barcelos (91.9)
Exposição “ LER+ Teatro”

Segunda-feira, dia 22 de Março
LER+

10.00h
Abertura da Feira do Livro Usado
“Liberdade de Imprensa” (12ºF)
11.35h
‘Leituras soltas’ pelas salas

14.30h
Dia Mundial da Água 12º D
Para alunos do 1º Ciclo

Terça-feira, dia 23 de Março
LER+
10.00h
“A Mensagem de Pessoa em análise” (12ºB)
Recital de Poesia (CLP) - “Mensagem de Pessoa”

Quarta-feira, dia 24 de Março
LER+
10.00h “A leitura está na rua”
‘Caminhada de Leitura’ até à Câmara, Rua direita, Porta Nova e Pingo Doce.

14.30h
“Desporto como prevenção de doenças”(12ºD)
Com a colaboração dos “Amigos da Montanha”

Noite: 21.00h
Momentos de leitura. Todos os cursos EFA

Quinta-feira, dia 25 de Março
LER+

10.00h “Sensualidade na Literatura” por Aida Lemos (12ºF)
11.00h ‘Leituras soltas’ pelas salas

14.10h O Conto das Quintas
15.05h Encontro com o escritor Carlos Teixo

Sexta-feira, dia 26 de Março
LER+

Comemoração do Dia Internacional do Teatro “Exposição”


Semana da Leitura - de 22 a 26 de Março


“A Leitura engrandece a alma” (Voltaire)


«A Semana da Leitura é uma actividade que pretende celebrar o prazer de ler. Assim, a nossa Biblioteca associa-se ao Plano Nacional de Leitura e promove, entre os dias 22 e 26 de Março, várias actividades que se empenham em tornar a leitura um bem plenamente usufruído por crianças e jovens.

PROGRAMA:
Ao longo da semana:
Feira do Livro usado
‘Leituras soltas’ na rádio Barcelos (91.9)
Exposição “ LER+ Teatro”

Segunda-feira, dia 22 de Março
LER+

10.00h
Abertura da Feira do Livro Usado
“Liberdade de Imprensa” (12ºF)
11.35h
‘Leituras soltas’ pelas salas

14.30h
Dia Mundial da Água 12º D
Para alunos do 1º Ciclo

Terça-feira, dia 23 de Março
LER+
10.00h
“A Mensagem de Pessoa em análise” (12ºB)
Recital de Poesia (CLP) - “Mensagem de Pessoa”

Quarta-feira, dia 24 de Março
LER+
10.00h “A leitura está na rua”
‘Caminhada de Leitura’ até à Câmara, Rua direita, Porta Nova e Pingo Doce.

14.30h
“Desporto como prevenção de doenças”(12ºD)
Com a colaboração dos “Amigos da Montanha”

Noite: 21.00h
Momentos de leitura. Todos os cursos EFA

Quinta-feira, dia 25 de Março
LER+

10.00h “Sensualidade na Literatura” por Aida Lemos (12ºF)
11.00h ‘Leituras soltas’ pelas salas

14.10h O Conto das Quintas
15.05h Encontro com o escritor Carlos Teixo

Sexta-feira, dia 26 de Março
LER+

Comemoração do Dia Internacional do Teatro “Exposição”


Chá de Livros - 10 de Março

«Nada mais intrigante do que um esgar, embora distraído e ocupado, sobre as nossas estantes de livros. Certos livros, vemo-los desarticulados e moles como que implorando-nos, “lê-me, pois estou prestes a desfalecer”. Outros, absolutamente hirtos e potentes, afrontam-nos com tanta sabedoria que se torna difícil encontrar a hora ideal para nos digladiarmos com eles.
O certo é que as nossas estantes ficam mais nobres graças aos livros, transmitem um certo status quando recebemos visitas, mas logo nos incomoda o trabalho de termos que os limpar, ao mesmo tempo que, inversamente, aspiramos a que eles tenham uma certa patine que só o pó, a humidade e os anos conseguirão dar-lhes de forma natural e autêntica.
Há uns dias atrás, peguei num livro desses com patine, folhas amarelecidas, desesperadamente amarradas umas às outras como se juntas tivessem sido vítimas de um naufrágio. A capa, de tipo pergaminho, era matizada de pontos de humidade cinzentos e atada por fios de couro quebradiços capazes de não atar por muito mais tempo. Não lhe peguei para o ler, confesso, até porque era tão recuado no tempo que tive dificuldade e senti-me ignorante ao tentar decifrar o ano da sua edição escrito em letra romana (M, DC, LXXXVII). O conteúdo tinha a ver com máximas políticas e morais de um Padre Jesuíta, de nome Francisco Garau, de Barcelona. Do livro, apenas lhe quis sentir o peso, o cheiro, manuseá-lo num fim de tarde vulgar que aspirava a algo de novo.
Como troca do prazer proporcionado pelo livro, injustamente apenas li os títulos de algumas das suas máximas! Ao pousá-lo, em cima da caixa que ele ajuda a decorar - e aqui está a cobrança que faço ao livro em causa - recordei que esta “peça” foi resgatada para minha casa tal como acontece a um animal solitário na rua que acolhemos por compaixão. Mas, para tudo é preciso ter sorte, pensei… porque pelo menos esta valiosa antiguidade livrou-se de ir para a fogueira ou para o contentor mais próximo.
Constato que até com os livros nos vem o egoísmo ao de cima. Usamo-los, sugamos-lhes o sangue e pomo-los de lado porque já deram o que tinham a dar.
O mesmo se passa quando fazemos uma tertúlia cujos personagens somos nós, os livros e o chá. Nesta partilha, o livro talvez seja o menos compensado, porque se o livro for forte de mais, não passa despercebido e é criticado; enquanto que se o chá for forte, deitamos-lhe água e adocicamo-lo, ou então, ficamos vidrados na sua caixa de folha que utilizaremos na decoração da nossa cozinha, facilmente esquecendo o seu conteúdo.
Penso que para saldarmos a dívida que temos para com os livros, a qual nos incomoda, resta-nos a compensação do livro se ter sentido acariciado nos breves momentos em que decidimos escolhê-lo e aspirar a que as suas folhas rebentem na próxima Primavera, pois os livros, tal como as plantas, também gostam que falemos com eles.»
Eduarda Vieira - Professora de Filosofia

Chá de Livros - 10 de Março

«Nada mais intrigante do que um esgar, embora distraído e ocupado, sobre as nossas estantes de livros. Certos livros, vemo-los desarticulados e moles como que implorando-nos, “lê-me, pois estou prestes a desfalecer”. Outros, absolutamente hirtos e potentes, afrontam-nos com tanta sabedoria que se torna difícil encontrar a hora ideal para nos digladiarmos com eles.
O certo é que as nossas estantes ficam mais nobres graças aos livros, transmitem um certo status quando recebemos visitas, mas logo nos incomoda o trabalho de termos que os limpar, ao mesmo tempo que, inversamente, aspiramos a que eles tenham uma certa patine que só o pó, a humidade e os anos conseguirão dar-lhes de forma natural e autêntica.
Há uns dias atrás, peguei num livro desses com patine, folhas amarelecidas, desesperadamente amarradas umas às outras como se juntas tivessem sido vítimas de um naufrágio. A capa, de tipo pergaminho, era matizada de pontos de humidade cinzentos e atada por fios de couro quebradiços capazes de não atar por muito mais tempo. Não lhe peguei para o ler, confesso, até porque era tão recuado no tempo que tive dificuldade e senti-me ignorante ao tentar decifrar o ano da sua edição escrito em letra romana (M, DC, LXXXVII). O conteúdo tinha a ver com máximas políticas e morais de um Padre Jesuíta, de nome Francisco Garau, de Barcelona. Do livro, apenas lhe quis sentir o peso, o cheiro, manuseá-lo num fim de tarde vulgar que aspirava a algo de novo.
Como troca do prazer proporcionado pelo livro, injustamente apenas li os títulos de algumas das suas máximas! Ao pousá-lo, em cima da caixa que ele ajuda a decorar - e aqui está a cobrança que faço ao livro em causa - recordei que esta “peça” foi resgatada para minha casa tal como acontece a um animal solitário na rua que acolhemos por compaixão. Mas, para tudo é preciso ter sorte, pensei… porque pelo menos esta valiosa antiguidade livrou-se de ir para a fogueira ou para o contentor mais próximo.
Constato que até com os livros nos vem o egoísmo ao de cima. Usamo-los, sugamos-lhes o sangue e pomo-los de lado porque já deram o que tinham a dar.
O mesmo se passa quando fazemos uma tertúlia cujos personagens somos nós, os livros e o chá. Nesta partilha, o livro talvez seja o menos compensado, porque se o livro for forte de mais, não passa despercebido e é criticado; enquanto que se o chá for forte, deitamos-lhe água e adocicamo-lo, ou então, ficamos vidrados na sua caixa de folha que utilizaremos na decoração da nossa cozinha, facilmente esquecendo o seu conteúdo.
Penso que para saldarmos a dívida que temos para com os livros, a qual nos incomoda, resta-nos a compensação do livro se ter sentido acariciado nos breves momentos em que decidimos escolhê-lo e aspirar a que as suas folhas rebentem na próxima Primavera, pois os livros, tal como as plantas, também gostam que falemos com eles.»
Eduarda Vieira - Professora de Filosofia

Chá de Livros em 2010-02-24

Lia, com gosto, aquele livro encontrado ao acaso. Braços poisados na mesa, pulsos de mãos abertas em atril, apontando o tecto, os dedos afagavam a capa sedosa.
As folhas, alvas e cheias dos silêncios que são os espaços entre as letras, ofereciam-se, generosas em sons, sabores e cheiros.
O livro abrira-se ali, precisamente nas páginas que alguém fizera abrir além da norma, forçando-as.
No texto, um menino recorda o sabor do chá que um pequeno bolo (uma madalena) absorveu. Esse momento marcara-o para sempre: toda a infância contida nessa sensação de bolo húmido enrolado pela língua e saboreado contra o palato. O menino fecha os olhos. O mundo pára. Naquele século XIX havia, por certo, mais tempo para viver sensações…
Hoje, dia de Fevereiro em que o I entre os XX viajou para depois deles, eu corto em dois o meu dia, esqueço-me entre os vivos e detenho-me a ler a descrição prolongada e perfeita na qual, desde o Outro Lado – o da morte – um pequeno rapaz faz apelo a todas as sensações que em nós dormem: esqueço-me de quem sou, do tempo que por mim passa, das ridículas obrigações dos dias esvaziados de sentido e de infância e leio detidamente, como quem reza, esse bocado de mim que alguém escreveu mesmo antes do projecto da minha existência.
Ao meu lado, uma voz traz-me ao mundo, pergunta:
«- E o que vai tomar para acompanhar esse livro?...»
«- Um mil folhas e… um chá. Um chá de livros.»
Autor: V. P.

Chá de Livros em 2010-02-24

Lia, com gosto, aquele livro encontrado ao acaso. Braços poisados na mesa, pulsos de mãos abertas em atril, apontando o tecto, os dedos afagavam a capa sedosa.
As folhas, alvas e cheias dos silêncios que são os espaços entre as letras, ofereciam-se, generosas em sons, sabores e cheiros.
O livro abrira-se ali, precisamente nas páginas que alguém fizera abrir além da norma, forçando-as.
No texto, um menino recorda o sabor do chá que um pequeno bolo (uma madalena) absorveu. Esse momento marcara-o para sempre: toda a infância contida nessa sensação de bolo húmido enrolado pela língua e saboreado contra o palato. O menino fecha os olhos. O mundo pára. Naquele século XIX havia, por certo, mais tempo para viver sensações…
Hoje, dia de Fevereiro em que o I entre os XX viajou para depois deles, eu corto em dois o meu dia, esqueço-me entre os vivos e detenho-me a ler a descrição prolongada e perfeita na qual, desde o Outro Lado – o da morte – um pequeno rapaz faz apelo a todas as sensações que em nós dormem: esqueço-me de quem sou, do tempo que por mim passa, das ridículas obrigações dos dias esvaziados de sentido e de infância e leio detidamente, como quem reza, esse bocado de mim que alguém escreveu mesmo antes do projecto da minha existência.
Ao meu lado, uma voz traz-me ao mundo, pergunta:
«- E o que vai tomar para acompanhar esse livro?...»
«- Um mil folhas e… um chá. Um chá de livros.»
Autor: V. P.