Ao virar cada página de um livro, Saboreio o delicioso sabor de um chá E em cada um dos gostos não distingo O prazer maior que cada um me dá
As páginas, essas passam uma a uma sem cessar Levando o pensamento para lugares sem fim. E em cada um dos tragos quentes e doce paladar Aprecio e saboreio com gosto, ervas de campo ou jardim.
E estas milagrosas folham que a terra nos foi deixando, São uma herança que já vem de longos tempos Trazendo seus benefícios de geração em geração
E aprendemos dos aromas e misturas que nos vão dando Remédio para muitos males sem fim e sofrimentos, A fórmula mágica de uma bebida em infusão.
Manuel Silva
(Poema original de Manuel Silva escrito especialmente para a actividade das quartas na BE)
Ao virar cada página de um livro, Saboreio o delicioso sabor de um chá E em cada um dos gostos não distingo O prazer maior que cada um me dá
As páginas, essas passam uma a uma sem cessar Levando o pensamento para lugares sem fim. E em cada um dos tragos quentes e doce paladar Aprecio e saboreio com gosto, ervas de campo ou jardim.
E estas milagrosas folham que a terra nos foi deixando, São uma herança que já vem de longos tempos Trazendo seus benefícios de geração em geração
E aprendemos dos aromas e misturas que nos vão dando Remédio para muitos males sem fim e sofrimentos, A fórmula mágica de uma bebida em infusão.
Manuel Silva
(Poema original de Manuel Silva escrito especialmente para a actividade das quartas na BE)
É tão bom e suave Que a nossa mente relaxa… Ficamos medicados… É tão calmo o seu sabor Como o seu aroma, Que inalamos enquanto ele ferve! São ervas de tantos paladares Que se cruzam por este mundo fora, E se misturam em situações diversas Capazes de muita coisa alterarem. Bebemos e saboreamos… Dá-nos tranquilidade, Com todo o seu poder mágico Na sua infusão que se alimenta em nós! Vence-nos e convence-nos com a sua alma! É uma bebida espiritual E de fins terapêuticos Que nos ajuda a livrar do mal! (Francisco Leonardo)
É tão bom e suave Que a nossa mente relaxa… Ficamos medicados… É tão calmo o seu sabor Como o seu aroma, Que inalamos enquanto ele ferve! São ervas de tantos paladares Que se cruzam por este mundo fora, E se misturam em situações diversas Capazes de muita coisa alterarem. Bebemos e saboreamos… Dá-nos tranquilidade, Com todo o seu poder mágico Na sua infusão que se alimenta em nós! Vence-nos e convence-nos com a sua alma! É uma bebida espiritual E de fins terapêuticos Que nos ajuda a livrar do mal! (Francisco Leonardo)
Taça de Chá «O luar desmaiava mais ainda uma máscara caída nas esteiras bordadas. E os bambus ao vento e os crisântemos nos jardins e as garças no tanque, gemiam com ele a adivinharem-lhe o fim. Em roda tombavam-se adormecidos os ídolos coloridos e os dragões alados. E a gueixa, porcelana transparente como a casca de um ovo da Íbis, enrodilhou-se num labirinto que nem os dragões dos deuses em dias de lágrimas. E os seus olhos rasgados, pérolas de Nanguim a desmaiar-se em água, confundiam-se cintilantes no luzidio das porcelanas. Ele, num gesto último, fechou-lhe os lábios co'as pontas dos dedos, e disse a finar-se: — Chorar não é remédio; só te peço que não me atraiçoes enquanto o meu corpo for quente. Deixou a cabeça nas esteiras e ficou. E Ela, num grito de garça, ergueu alto os braços a pedir o Céu para Ele, e a saltitar foi pelos jardins a sacudir as mãos, que todos os que passavam olharam para Ela. Pela manhã vinham os vizinhos em bicos dos pés espreitar por entre os bambus, e todos viram acocorada a gueixa abanando o morto com um leque de marfim. A estampa do pires é igual.» (Almada Negreiros)
Taça de Chá «O luar desmaiava mais ainda uma máscara caída nas esteiras bordadas. E os bambus ao vento e os crisântemos nos jardins e as garças no tanque, gemiam com ele a adivinharem-lhe o fim. Em roda tombavam-se adormecidos os ídolos coloridos e os dragões alados. E a gueixa, porcelana transparente como a casca de um ovo da Íbis, enrodilhou-se num labirinto que nem os dragões dos deuses em dias de lágrimas. E os seus olhos rasgados, pérolas de Nanguim a desmaiar-se em água, confundiam-se cintilantes no luzidio das porcelanas. Ele, num gesto último, fechou-lhe os lábios co'as pontas dos dedos, e disse a finar-se: — Chorar não é remédio; só te peço que não me atraiçoes enquanto o meu corpo for quente. Deixou a cabeça nas esteiras e ficou. E Ela, num grito de garça, ergueu alto os braços a pedir o Céu para Ele, e a saltitar foi pelos jardins a sacudir as mãos, que todos os que passavam olharam para Ela. Pela manhã vinham os vizinhos em bicos dos pés espreitar por entre os bambus, e todos viram acocorada a gueixa abanando o morto com um leque de marfim. A estampa do pires é igual.» (Almada Negreiros)
Chá de Livros Quarta 1 29/10/08 «Preparo um chá de poesia, e saboreio-o lentamente, como ele deve de ser saboreado. Afinal eu tenho sempre a chaleira dos poemas ao lume e bolachas com pinguinhas de versos prontas para servir a quem as quiser degustar, assim como eu o faço. Sôfrego engulo pétalas de rosas e planto-as de volta no jardim de onde saíram e para onde, triunfais, agora regressam.» (Nuno Rita)
Chá de Livros Quarta 1 29/10/08 «Preparo um chá de poesia, e saboreio-o lentamente, como ele deve de ser saboreado. Afinal eu tenho sempre a chaleira dos poemas ao lume e bolachas com pinguinhas de versos prontas para servir a quem as quiser degustar, assim como eu o faço. Sôfrego engulo pétalas de rosas e planto-as de volta no jardim de onde saíram e para onde, triunfais, agora regressam.» (Nuno Rita)