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Na minha vida, ainda que curta, aconteceram vários momentos que me marcaram para toda a vida, mas a história pessoal que vou contar foi a que realmente me marcou mais psicologicamente.Tudo aconteceu na minha infância. Eu sempre fui uma criança bastante tímida e reservada, ou seja, quando alguma pessoa desconhecida me falasse, eu nem se quer respondia, ou então, quando insistiam para eu responder, chorava. Eu estava habituada a ter professoras, tanto no infantário como no primeiro ano e achava que as professoras eram mais meigas e queridas.Quando entrei no primeiro ano, desejava que não fosse um professor. O que realmente aconteceu, e, por isso, fiquei feliz com a notícia.No segundo ano, no primeiro dia de aulas, fiquei aterrorizada quando soube que era um professor e, por isso, passei o dia a chorar. No entanto, os meus colegas, principalmente os rapazes, adoravam o professor porque ele tinha uma mota. Eu acho que naquele dia o professor estava mais aterrorizado que eu, porque eu não parava de chorar. Quando terminou aquele dia eu disse à minha mãe que não queria ir mais à escola. Obviamente que isso não aconteceu. Nos dias seguintes, quando o professor me perguntava alguma coisa eu desatava a chorar e não conseguia responder a nada do que o professor me perguntava. Naqueles primeiros dias fingia estar doente para não ir à escola, mas mesmo assim só faltei um dia porque os outros, a minha mãe descobriu o verdadeiro motivo. Certo dia, o professor não sabia o que haveria de fazer, porque eu chorava quase todos os dias e, por isso, resolveu pegar-me ao colo. Fiquei cheia de vergonha mas, apesar disso, achei que o gesto do professor foi uma forma de carinho que nunca mais me esqueci.Nos dias que se seguiram, passei a admirar o professor e nunca mais chorei nas aulas dele. Apesar daquele gesto tão simples para algumas pessoas, para mim foi muito significativo. Nos anos seguintes, nunca mais chorei pelo facto de ser professora ou professor, para mim era indiferente, mas só passou a ser indiferente por causa daquele gesto do meu professor do segundo ano.
(aluna do 12º ano de Psicologia)